TERAPIA DE REABILITAÇÃO AUDITIVA – MEU FILHO NASCEU SURDO, E AGORA?

Ana Paula Carvalho Fonoaudióloga

Você sabia que a terapia de reabilitação auditiva é uma grande aliada de crianças e famílias que lidam com a surdez?

Para início do assunto, é preciso entender que a triagem auditiva neonatal universal é obrigatória por lei desde 2 de agosto de 2010, em todas as maternidades do país, ou seja, a realização de exames para verificar se o recém-nascido apresenta surdez ou não.

Essa foi uma conquista importante, uma vez que os estudos da neurociência nos mostram, cada vez mais, o quanto os primeiros anos de vida são fundamentais para que o cérebro faça conexões importantes que vão determinar o desempenho do indivíduo para a vida.

Isso não é diferente no que tange ao desenvolvimento da fala e da linguagem e, para que ele aconteça de maneira adequada, a qualidade dos estímulos aos quais uma pessoa será exposta desde bebê fará toda a diferença neste processo.

Quer saber mais? Continue a leitura para compreender sobre a terapia de reabilitação auditiva e seus diferenciais na vida dos pacientes!

Os primeiros passos para lidar com a surdez

Para uma criança aprender a falar, é necessário que ela ouça. Por este motivo, existe uma urgência pelo diagnóstico precoce da surdez.

Afinal, quanto antes esse diagnóstico for realizado, mais cedo o bebê fará a adaptação do dispositivo eletrônico mais adequado à sua perda auditiva, possibilitando que ele passe a ter acesso aos sons da fala.

Porém, hoje no mercado, existem várias possibilidades de dispositivos capazes de atender às necessidades de quem apresenta uma perda auditiva, como:

  • Os aparelhos de amplificação sonora individual (AASI);
  • Os implantes cocleares (IC), entre outros.

O importante é que uma equipe multidisciplinar acompanhe o caso e que a criança passe a fazer uso do aparelho mais indicado para sua perda de audição, além de dar início ao processo da terapia de reabilitação auditiva.

Qual a importância da terapia de reabilitação auditiva?

A terapia de reabilitação auditiva é fundamental para que a criança obtenha os resultados e desenvolvimento esperados, uma vez que o uso do dispositivo sozinho não apresenta benefício se o som não passar a ter um significado.

Assim, é por meio da terapia de reabilitação auditiva que um terapeuta especialista na área, juntamente com a família, apresentará o mundo sonoro àquela criança, para que ela passe a conhecê-lo e, assim, iniciar o processo de aprender a ouvir e falar.

Entretanto, a grande maioria dos casos de crianças que falham no teste da orelhinha e possuem um diagnóstico de surdez, que pode variar de grau leve, moderado, severo ou profundo, são nascidas de pais ouvintes e falantes da língua oral que, muitas vezes, não tiveram contato com outras pessoas surdas até então.

Sendo assim, é natural que essa família tenha muitas dúvidas e receios, tais como:

  • Em relação ao futuro desta criança e suas oportunidades de desenvolvimento;
  • Sobre as possibilidades de que ela venha a falar.

Porém hoje, até mesmo para aquelas pessoas que apresentam surdez profunda, já é possível conseguir acesso aos sons da fala por meio do implante coclear.

É importante, no entanto, que uma avaliação e um acompanhamento por uma equipe especializada possam determinar o uso desse recurso para cada caso específico.

O que vale lembrar é que, a escolha pelo modo de comunicação para cada criança, seja por meio da língua brasileira de sinais (LIBRAS) ou pela língua oral, será sempre uma decisão da família.

Além disso, a realização da cirurgia de implante coclear ou qualquer outro procedimento também precisa passar pela autorização dos pais ou responsáveis legais.

Assim, cabe aos profissionais esclarecerem sobre todas as possibilidades existentes atualmente na terapia de reabilitação auditiva, baseadas em pesquisas científicas, e caminhar junto com a família, visando o bem-estar e a qualidade de vida dos pequenos.

Referências Bibliográficas

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